domingo, 13 de novembro de 2011

Sobre a paixão e um punhado de chuva.

Sobre a paixão:
Em meados de 2000, quando eu cursava a quinta série do Ensino Fundamental, costumava passar as tardes de terça, quinta e sexta na escola. Tinha aula pela manhã e "aulas de reforço" à tarde; ou, simplesmente ficava esperando minha mãe sair das longas reuniões semanais. Outros garotos faziam o mesmo, e, entre aulas chatas e esperas extensas, frequentemente acabávamos passando a tarde jogando futebol numa das quadras do colégio.
Corintianos, palmeirenses, são paulinos e flamenguistas. Lembro-me de haver garotos, sumariamente, torcedores destes times naquelas tardes.
Certa vez, numa fria tarde, um destes garotos - mais forte e popular (tal qual nos filmes norte americanos) do que eu - torcedor do time de três cores, resolveu encasquetar com a touca de frio que eu vestia, do Corintias. Disse para eu a tirar e lhe dar, coisa que não fiz. Ele tentou me bater, mas me esquivei e fugi pelos corredores do colégio.
Encontrei um inspetor e caguetei o são paulino, que, no dia seguinte, fora punido com uma suspensão em razão do ocorrido.
Hoje no Pacaembu vi, de longe, este garoto que, como eu, já é um homem. Trajava boné e camisa do Corintias, pulava, cantava o hino e tomou a mesma chuva que eu e toda a Fiel presente no Templo tomamos.
Me pergunto: será que o tempo que vivemos faz com as pessoas mudem de paixão? Ou, realmente, paixão não vale mais nada no futebol moderno do marketing?


Sobre um punhado de chuva:
Em geral, gosto da chuva, já escrevi sobre a glória que há nalgumas chuvas tomadas. E sempre digo para os mais próximos como gosto de ir a jogos em que chove, sobretudo no verão, quando a água gelada que vem de cima rompe com o calor que, às vezes, parece brotar até pelo cimento das arquibancadas, de baixo.
Acho bonito o agitar da torcida em meio às águas que vem do céu, gosto da sensação de 'limpeza' em meio à tensão do conflito futebolístico.
E hoje, com a chuva que nos molhou a partir do trigésimo minuto de jogo (mais ou menos) tive essa sensação, de 'limpeza'.
Não é de hoje, sofro demais por estar longe do Corintias, materializado
no encontro com os rituais de dias de jogos, o estar com os demais torcedores, o cantar e exaltar-se únicos da presença no estádio. Tudo isso, a mim, compõem o viver o Corintias de que sinto tanta falta lá no interior.
Por obra divina da Talitíssima, que me arrumou dois ingressos, hoje pude ir ao jogo no exato local que tanto me agrada (nesse canto tão feliz), sem toboguices, na companhia de minha amada Mãe e exalando - por todos os poros - saudades do sentimento único do Corintias, agravadas pelas angustias deste campeonato esdrúxulo.
A chuva, nos quinze minutos finais, além de empapuçar a minha boina preta, serviu como um repositor de energia, a energia que precisarei tanto para aguentar as próximas 4 semanas de pontos correndo, estando lá, bem longe de tudo isso.


Ps.: haveria espaço ainda para um terceiro sub título: a trave salvadora, mas por ora, basta de escrita, e de sofrimento.

VAI CORINTIAS!

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