domingo, 2 de outubro de 2011

Pontos Correndo.

Como não me lembrar do "formato antigo" do Brasileirão, se vibrei dois grandes títulos conquistados e chorei uma final perdida nele?
Esta discussão, sempre polarizando duas opiniões distintas, quase como debate eleitoral, cansa, mas, é uma discussão da qual creio não podermos fugir: enquanto houver discordâncias, o assunto tem de ser levado à mesa, mesmo que de bar.

Um dos principais argumentos de quem é a favor dos pontos corridos - e aqui, já me colo contra este tipo de organização para o campeonato brasileiro - é de que a disputa é marcada pelo equilíbrio. Esta ideia de que "será campeão aquele que tiver aproveitamento melhor dentre os 38 jogos", soa-me extremamente complicada, justamente, pela noção de equilíbrio colocada em questão.
Para pensar o equilíbrio, lembremos do formato antigo do Brasileirão, em que era disputada uma fase de "todos contra todos", e, posteriormente, jogos de "mata-mata".
Tomando como exemplo o campeonato de 1999, último conquistado pelo Corintias neste formato, foram: 21 jogos na primeira fase, 3 jogos de quartas de final (podendo ter sido 2, caso um dos times se saísse vitorioso nas 2 primeiras partidas), 2 jogos de semifinal (pois o Corintias venceu os dois confrontos contra o 5PFC, como era de se esperar, e eliminou o terceiro) e 3 jogos de final.
Ou seja: ao todo o Corintias disputou 29 partidas e, mais importante em meu raciocínio, teve sua capacidade de equilíbrio, de manter-se estável (e vencendo) em duas formas de disputa distintas: na primeira, somando pontos jogo-a-jogo, e na segunda, saindo triunfante nos confrontos diretos e repetidos.

Este é o argumento matemático que guia minhas críticas aos pontos corridos.
Porém, gostaria de apontar aqui o argumento subjetivo, quase psicológico.

Há quem diga também que o campeonato por pontos corridos preza pela emoção, que "cada jogo é uma final" e que a cada ano isso tem valorizado o brasileirão como "o campeonato mais disputado do mundo".
Para questionar este conceito de "emoção" basta lembrar das últimas rodadas do ano passado, dos entregas preconizados por porcos e tricolixos, quando disseram "flu me vence", para questionar: é dessa emoção que estão falando?

Certamente, quem defende com unhas e dentes este campeonato, não defende com unhas, dentes e coração um time que o disputa.
Certamente, ter uma final a cada rodada, interessa para quem lucra com ingressos, quem lucra com camisas, com todos esses produtos que - ironicamente - apenas invadiram o nosso mercado com a consolidação dos pontos corridos.
Mas o que me aflige mesmo é saber que, neste campeonato tão disputado, ainda terei muitas noites sem dormir, somando-se às que já passaram, pois essa é a emoção que o torcedor merece.
Certamente, quem defende os pontos corridos não fica sem dormir por causa do jogo de seu time, talvez não tenha nem time, e talvez não tenha problemas em ter que esperar por um gol de seu rival para poder comemorar pontos correndo na direção de sua felicidade.

Por fim, aponto que, para mim, os pontos corridos são uma ofensa aos nervos, ao estado psicológico e à condição de convívio social pacífico em dias de grandes jogos, como hoje.

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