quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Esta força popular.

Moro na mesma casa já faz quase 3 anos, conheço alguns vizinhos pelo nome, outros apenas de "olás" e "boas tardes". Já vi lojas, bares e lanchonetes abrirem e fecharem, mudarem de donos; vi casas serem demolidas do dia para a noite, e também acompanhei a construção de uma morada.

Neste bairro, desde o comecinho de 2009, sou chamado por muitos como "corintias" e "corintiano". É um bairro em que há muitos corintianos: dentre muitos, há o senhor que está em todos os começos de tarde tomando sua cerveja e/ou seu rabo de galo no bar da rotatória sempre ergue um braço e brada "vai corintias!", ou "tem que ganhar!" quando eu passo.
Na última segunda feira eu passava por lá, era uma da tarde, e a cerveja e o rabo de galo estavam em sua companhia, este senhor vestia uma camisa antiga da Camisa 12 e um boné de crochê branco com o escrito "gaviões da fiel" em preto. Se levantou da cadeira e veio me abraçar, dizendo com força e um largo sorriso: "ganhamos, vamos ganhar, vamos ganhar o título!". Retribui o abraço, e as falas de esperança e confiança.

Eu caminhava acompanhado de uma boa amiga, que se assustou com a exaltação, tanto minha quanto do senhor. Perguntou se já nos conhecíamos, e expliquei que a três anos sempre saudamos o Corintias juntos, pois o Corintias é bem mais do que mero clube, mero futebol na TV, como muitos supõem, e isto é suficiente para que nos abracemos com tanta proximidade.

Agora a pouco esta amiga me enviou a foto abaixo, a tirou na rua, perto de casa também. Este senhor, eu nunca vi, mas confesso que me emocionei, pois o Corintias é esta força popular.



VAI CORINTIAS!

domingo, 13 de novembro de 2011

Sobre a paixão e um punhado de chuva.

Sobre a paixão:
Em meados de 2000, quando eu cursava a quinta série do Ensino Fundamental, costumava passar as tardes de terça, quinta e sexta na escola. Tinha aula pela manhã e "aulas de reforço" à tarde; ou, simplesmente ficava esperando minha mãe sair das longas reuniões semanais. Outros garotos faziam o mesmo, e, entre aulas chatas e esperas extensas, frequentemente acabávamos passando a tarde jogando futebol numa das quadras do colégio.
Corintianos, palmeirenses, são paulinos e flamenguistas. Lembro-me de haver garotos, sumariamente, torcedores destes times naquelas tardes.
Certa vez, numa fria tarde, um destes garotos - mais forte e popular (tal qual nos filmes norte americanos) do que eu - torcedor do time de três cores, resolveu encasquetar com a touca de frio que eu vestia, do Corintias. Disse para eu a tirar e lhe dar, coisa que não fiz. Ele tentou me bater, mas me esquivei e fugi pelos corredores do colégio.
Encontrei um inspetor e caguetei o são paulino, que, no dia seguinte, fora punido com uma suspensão em razão do ocorrido.
Hoje no Pacaembu vi, de longe, este garoto que, como eu, já é um homem. Trajava boné e camisa do Corintias, pulava, cantava o hino e tomou a mesma chuva que eu e toda a Fiel presente no Templo tomamos.
Me pergunto: será que o tempo que vivemos faz com as pessoas mudem de paixão? Ou, realmente, paixão não vale mais nada no futebol moderno do marketing?


Sobre um punhado de chuva:
Em geral, gosto da chuva, já escrevi sobre a glória que há nalgumas chuvas tomadas. E sempre digo para os mais próximos como gosto de ir a jogos em que chove, sobretudo no verão, quando a água gelada que vem de cima rompe com o calor que, às vezes, parece brotar até pelo cimento das arquibancadas, de baixo.
Acho bonito o agitar da torcida em meio às águas que vem do céu, gosto da sensação de 'limpeza' em meio à tensão do conflito futebolístico.
E hoje, com a chuva que nos molhou a partir do trigésimo minuto de jogo (mais ou menos) tive essa sensação, de 'limpeza'.
Não é de hoje, sofro demais por estar longe do Corintias, materializado
no encontro com os rituais de dias de jogos, o estar com os demais torcedores, o cantar e exaltar-se únicos da presença no estádio. Tudo isso, a mim, compõem o viver o Corintias de que sinto tanta falta lá no interior.
Por obra divina da Talitíssima, que me arrumou dois ingressos, hoje pude ir ao jogo no exato local que tanto me agrada (nesse canto tão feliz), sem toboguices, na companhia de minha amada Mãe e exalando - por todos os poros - saudades do sentimento único do Corintias, agravadas pelas angustias deste campeonato esdrúxulo.
A chuva, nos quinze minutos finais, além de empapuçar a minha boina preta, serviu como um repositor de energia, a energia que precisarei tanto para aguentar as próximas 4 semanas de pontos correndo, estando lá, bem longe de tudo isso.


Ps.: haveria espaço ainda para um terceiro sub título: a trave salvadora, mas por ora, basta de escrita, e de sofrimento.

VAI CORINTIAS!

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Isto não é uma acusação.

Em Julho de 2006 participei de um Congresso Científico em Florianópolis, cheguei nesta bela cidade na manhã de um domingo, dia 16, e retornei para São Paulo na manhã do sábado seguinte, precisamente dia 22.
Quando cheguei ao aeroporto da capital Catarinense para o retorno à São Paulo, me encontrei com o cidadão da foto abaixo, o ex-árbitro e atual aliado alienador da globo, Leonardo Gaciba.
Tirei um sarro dele por conta de um tropeço que tomou no Corintias x vascu de 2005, e pedi para tirar uma foto com ele, por duas razões: meu vô gostava dele, e acharia bacana me ver ao lado do cara, como achou; e eu sabia que num futuro não muito distante relembrar esse dia com afinco me seria útil.
Esse dia chegou.


Junto com ele, vindo de Porto Alegre, estavam os bandeiras Altemir Hausmann e - caso não me trai a memória - Roberto Braatz. Mais tarde, quando entramos no mesmo avião, conversei com o Gaciba, e ele me disse que iriam para São Paulo realizar outra conexão, para Goiânia, onde fariam, no dia seguinte a arbitragem de Goiás x Palmeiras, válido pela 13ª rodada do Campeonato Brasileiro daquele ano.
O avião - não me recordo o modelo - era dividido em duas filas de poltronas: à direita do corredor, com fileiras de 3 cadeiras, e à esquerda do mesmo corredor, fileiras de 2 cadeiras. Me sentei na última fileira da esquerda, e, bem em frente, se sentaram Leonardo e Altemir, o terceiro árbitro sentou-se mais a frente, sozinho.

Antes mesmo do avião decolar, Gaciba disse ao colega que estava cansado, e tentaria cochilar até São Paulo. Altemir Hausmann, pelo contrário, disse que mataria o tempo fazendo cruzadinhas.
O bandeira sacou uma das tradicionais revistas da coquetel e uma caneta branca, com detalhes em verde, um símbolo igualmente verde e os escritos Sociedade Esportiva Palmeiras.

Neste exato instante, não me contive, aproximei-me de sua cadeira e lhe disse: "e ai bandêra, e essa caneta do porco hein?".
Desconcertado ele olhou para a caneta, Gaciba olhou para mim e disse: "foi presente, isso é muito normal no futebol", e os dois riram.
Retomei o meu lugar; desconfiado, afrouxei um pouco o cinto.

As notícias que vejo agora são de que Hausmann, que estava de frente para o penalti dado ao América pelo árbitro Jean Pierre Gonçalves Lima, juntamente do segundo bandeira da partida de ontem, Júlio César Rodrigues Santos, foram agredidos ao passarem pelo Aeroporto de Congonhas, em São Paulo.

A partir da vivência de 2006, sempre contada aos amigos, mas nunca formalizada num texto, realizo duas perguntas:

1)Senhor Altemir, com caneta de qual clube o senhor andou realizando cruzadinhas recentemente?

2)Não poderíamos dizer que os tapas que a mídia noticia terem ocorrido hoje "foram presente, isso deveria ser muito normal no futebol?".