segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Quando é o Corintia, sempre vale menos.


Eu já escrevi sobre isso aqui, e se vocês derem uma procurada por aí encontrarão gente mais gabaritada escrevendo com maior propriedade sobre este mesmo assunto. 
Por que quando é o Corintia, sempre vale menos? Os adversários menosprezam e criam explicações extra campo de jogo para justificar que "não valeu" - "ah mas aquele lateral invertido", "ah mas no horário do jogo tinha sol", "ah mas a regra da FIFA não importa". 
Os sabichões da imprensa, rapidinho, como bagre esfomeado ao ver migalha de pão em anzol, mordem a isca e replicam os argumentos: "de fato, não valeu, não valeu, não valeu, não valeu". Criam um mantra e o repetem ao longo de meses, para, no fim do certame, cravarem uma verdade baseada em suas próprias palavras: "nós passamos meses falando que não valeu, então é claro que não valeu, nós falamos que não valeu, e se nós falamos está dito: não valeu". 
A construção dessa noção, com tons de verdade inquestionável, de que quando é o Corintia, sempre vale menos, ocorre rapidamente. Já está cristalizada, e por vezes vem antes mesmo do Corinthians jogar, já não valeu, ou valeu menos.
"O Corinthians ganhou, bom, vamos ver como desqualificar tal conquista". "O Corinthians vai entrar em campo, bom, vamos ver como desqualificar essa entrada". "O Corinthians existe, bom, vamos ver como desqualificar essa existência".
Não basta para o argumento do texto dizer que foi o clube dos trabalhadores que atazanou a vida da elitezinha paulistana, dando um jeito de entrar na liga oficial e distribuindo sapatadas e mais sapatadas entre a minoria rica. "Como podem esses pintores de parede e sapateiros serem mais ávidos no desporto do que os nossos meninos recém formados em direito na London School?".
Seria um retorno muito extenso na história. Podemos pegar outros exemplos: "ah mas como o primeiro campeão mundial reconhecido pela FIFA não é o meu clube?", "ah mas se fosse o Barcelona e não o Chelsea...", "ah mas o juiz havia dado 3 minutos de acréscimo, e vocês marcaram o gol com 47:45". "Ah mas no outro jogo não deram um pênalti igual mas a regra diz que tem que dar pênalti assim mas errado foi o sujeito que deu o pênalti seguindo a regra, e não o outro que não seguiu a regra, pois o primeiro deu o pênalti pro Corinthians". 
A lógica, por vezes, que me perdoem tais equinos, é burra.
Passam-se os anos, já são dez décadas e meia, e o discurso não muda. Mudam-se os meios de comunicação, a tecnologia é atualizada, a ciência se reinventa, a cidade tem seus limites ampliados, e o discurso não muda. 
Não muda e não mudará, pois essa rapaziada, que já vestiu tantas camisas diferentes no intuito de desqualificar o Corinthians, já está anestesiada pelo prazer da dor. A dor de ter como único prazer desqualificar conquistas inquestionáveis de um clube e uma torcida que se acostumaram a estes questionamentos, e se acostumaram a dar de ombros e seguir em frente. Há coisas maiores por conquistar.


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